Brothers of North America, I am delighted to have you reading our blog. I hope you keep returning. The Brazil embrace all brothers.//北アメリカの兄弟、私はあなたが私たちのブログを読んで持っていることを嬉しく思います。私はあなたが戻って続けると思います。ブラジルはすべての兄弟を受け入れる。 <

domingo, 15 de abril de 2012

AGENTE DE TRÂNSITO E SUA ROTINA


PERIGO »Amarelinho, uma profissão de risco

Publicação: 15/04/2012 09:10 Atualização:
Sérgio Henrique Santos - O Poti

 (Fábio Cortez)
Ninguém gosta de ser fiscalizado. Esta é uma frase comum a todos os agentes de trânsito entrevistados nesta reportagem, profissionais que trabalham vestidos de amarelo nas ruas e que têm a atribuição de educar, orientar e autuar os motoristas. Eles são os populares 'amarelinhos', nome improvisado para se referir aos 85 agentes de trânsito que trabalham atualmente em Natal. Definitivamente não é fácil ser um amarelinho. Não bastasse trabalhar numa capital que faz sol a maior parte dos 365 dias do ano, o calor se soma à quantidade de infrações cometidas nas vias por causa do aumento da frota de veículos na capital. A título de comparação, em dezembro de 2006, a capital tinha uma frota de 256.004 veículos. Hoje já são 331.772 carros. Um aumento de 29,59%. Grosso modo, a média é de um agente para cada 3.903 veículos, isso sem contar que eles trabalham por escala, e sem colocar na conta a frota circulante de cidades vizinhas e do interior do Estado.

Mas é no quesito segurança que os 'amarelinhos' mais se sentem exercendo uma profissão de risco. Frequentemente eles recebem ameaças e são xingados. No ano passado um agente de trânsito de Parnamirim foi morto em serviço, e em Natal um deles relatou à reportagem como sofreu um atentado após uma infração de trânsito. Um policial militar não gostou de ser abordado e atirou no agente de trânsito que efetuou a autuação. Dentro da Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semob, antiga STTU), que lida com o trânsito de Natal desde a municipalização em 2009, há quem defenda até mesmo o porte de arma pelos agentes de trânsito, ou mesmo colete à prova de balas. "Nosso serviço não consiste apenas em autuar. Nós também orientamos os motoristas, alertamos sobre as boas práticas na direção", afirma o agente de trânsito Eduardo Santos Correia.

Eduardo é um dos 30 agentes que trabalham em um dos três turnos de trabalho em Natal. Eles atuam em todas as vias da capital que são de competência, jurisdição do município. Já em avenidas como a Roberto Freire, Via Costeira e João Medeiros Filho, a competência é do Governo do Estado, por meio da Companhia de Polícia Rodoviária Estadual (CPRE). Por serem policiais, além de agentes de trânsito, estes sim podem portar armas, e se defender melhor das ameaças dos motoristas infratores que insistem em não querer que lhe apliquem multas. No caso dos 'amarelinhos', eles agem sobremaneira no fechamento de canteiros, veículos sobre calçadas, impedindo o livre-fluxo de pedestres ou parados em placas onde há sinalização 'proibido estacionar'.

Normalmente os motoristas não gostam de ser autuados. "As ameaças são muito comuns, inclusive fazemos muitos registros de Boletins de Ocorrência na delegacia. O problema está na formação dos condutores. Eles não são mal-educados, e sim mal preparados. Tudo começa nas autoescolas", destacou o agente Eduardo Correia. Ele acha que, ao invés de 85, o número ideal de agentes para cobrir de forma plena toda a capital, seria de 200. Melhoraria, por exemplo, o trabalho dos 'amarelinhos' na Zona Norte da capital, que dispõe de apenas uma das dez viaturas que circulam nas ruas, problema minimizado por causa dos 23 agentes que trabalham em motocicletas por todo o município.

O diretor de fiscalização de trânsito da Semob, Kennedy Diniz, também concorda que o ideal seriam 200 agentes, e que atualmente oito profissionais do trânsito estão afastados de suas funções por problemas psiquiátricos e de saúde, oriundos do estresse diário e das ameaças. "Numa profissão em que se trabalha com notificações, tem gente que é muito agressiva com nossos profissionais. Recentemente um flanelinha ameaçou uma de nossas agentes, e foi detido pela polícia, que passava pelo local. Nós ouvimos pelo rádio que ela estava sendo ameaçada", contou. "A gente lamenta a existência de condutores que, sem a presença do agente de trânsito, cometem descaradamente a infração. Ao perceber que não há nenhum agente ali, fazem manobras proibidas. Isso deveria mudar. Por mais que façamos campanhas educativas, se mantém como um problema".

Porte de arma

Kennedy Diniz, diretor de fiscalização de trânsito, não chega a ser um defensor do porte de armas, mas salienta que ao menos um colete à prova de balas os agentes deveriam usar. "Às vezes uma pessoa pode apontar uma arma ao agente e atirar, querendo ou não. Com o colete evitaríamos sequelas graves ou mesmo a perda da vida". Já os agentes têm opiniões divergentes. "Iria proteger nosso trabalho. As pessoas pensariam duas vezes antes de fazer ameaças e intimidação. Temos que ter muito jogo de cintura para lidar com esse tipo de problema", colocou um agente que preferiu não se identificar. "Eu concordo. Só que ainda mais viável seria mais conscientização dos condutores", opina o agente Eduardo Correia. Já o agente Francisco Barbosa de Lima, discorda. "Nem todo agente tem condições, até mesmo psicológicas de usar uma arma".

Uma manhã na rotina dos amarelinhos

Para tentar descobrir como é o dia a dia do agente de trânsito, O Poti/Diário de Natal acompanhou parte do turno de uma dupla de agentes nas ruas da capital potiguar. Os agentes de trânsito Solano Lopes, há 12 anos na profissão, e Francisco Barbosa de Lima, funcionário municipal há 32 e há mais de uma década atuando no trânsito. Eles permitiram à reportagem observar como é seu trabalho. A dupla atua junta há dois meses no corredor compreendido entre as avenidas Rodrigues Alves, Campos Sales, Afonso Pena e Romualdo Galvão (Via Livre). Tirol, Petrópolis e a Praça das Flores também são áreas cobertas pelos dois agentes todos os dias de manhã, além de áreas onde há ocorrências esporádicas, informadas via rádio por outros agentes.

Foi o caso das autuações registradas pelo DN na manhã de quarta-feira, 11 de abril. Os agentes chegam às 6h30 na Secretaria de Mobilidade, que fica no bairro da Ribeira. De lá retiram o que é necessário ao trabalho: a viatura com rádio fixo, um rádio portátil (chamado HT), cinco cones (para as possíveis intervenções) e dois talões de multas. Em seguida eles seguem para seu itinerário usual, começando pela Rodrigues Alves. "Nosso trabalho é árduo porque presenciamos as ocorrências e registramos os autos de infração. Óbvio que todo mundo reclama ao receber uma multa, ficam inventando desculpas, dizendo que não são daqui, que vão parar ali só por um minutinho. Enfim, as desculpas são as mesmas", destacou Solano.

"Conhecemos agentes que entraram em luta corporal, pessoas que usam o capacete para nos bater, que insultam com palavras de baixo calão. Nós não trabalhamos armados. Nossa arma é a caneta, o talão e a proteção de Deus. Durante todo esse tempo que trabalho em campo, eu já sofri ameaças, mas nunca foi nada grave, graças a Deus. Só que as ameaças machucam. As pessoas não entendem que estamos apenas trabalhando", afirmou o agente de trânsito Solano. "Eu já recebi ameaças de alguns condutores que ficaram furiosos com a autuação. A mim já ameaçaram até mesmo forjar flagrantes, dizendo que colocariam armas no meu bolso", completou o agente Francisco Barbosa de Lima.

As ocorrências mais comuns naquela manhã foram uso de celular ao volante, avanço de semáforo e não-uso do cinto de segurança. Por volta das 11h, os agentes receberam um pedido no rádio para observar dezenas de carros estacionados no canteiro central da Avenida Nascimento de Castro, em frente à sede do Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente (Idema). No local, os agentes perceberam que o espaço entre os carros dava pouco espaço para, por exemplo, o tráfego de ônibus, o que acabava emperrando o trânsito. "Todo dia é uma reclamação só dos motoristas. As pessoas param muito os carros nesse canteiro. Os servidores sabem que é errado, eles não param, mas os visitantes desrespeitam", afirmou o porteiro do Idema, Leonardo Medeiros.

Corre-corre

Quando os amarelinhos chegaram para fazer as autuações em frente ao Idema, era um corre-corre para lá e para cá. "Peraí, moço, estou saindo!", gritava um. "É rapidinho", alegava outro. "Achava que no meio fio só era proibido em vias de maior movimento", afirmou uma mulher. Um homem apoiou a iniciativa: "Deviam vir todo dia. Todo dia estacionam ai". Já outros só observavam a cena, com reprovação pela atuação dos 'amarelinhos': "Deviam vir colocar faixas de pedestres ao invés de aplicar multas aqui", protestou uma senhora. "Eles são muito mal-educados. Nem olham pra gente", vociferou outra mulher. Até a prefeita da capital, Micarla de Sousa, levou a culpa nas autuações feitas pelos agentes de trânsito. Ao todo, os agentes preferiram usar o bom-senso. Para os motoristas que chegavam a tempo de retirar o veículo, a autuação não foi feita. Os quatro que ficaram parados foram notificados.

O estagiário do Departamento de Petróleo do Idema, Magnos Diniz, recebeu sua primeira autuação desde que começou a dirigir, há dois anos. "Não sabia que aqui passava ônibus, nem considero essa rua de grande movimento. Só achava que era proibido estacionar no canteiro central apenas nas grandes vias. Eu pedi para o agente colocar meu nome e minha Carteira de Habilitação na autuação porque vi na lei de trânsito que, em caso de primeira multa, se for leve ou média tenho como recorrer", disse ele, ao receber o auto de infração.

Depois de todas as ocorrências daquela manhã, os agentes Solano Lopes e Francisco Barbosa continuaram a ronda, e se dirigiram à Semob já por volta das 12h30, quando largam o serviço. Com os talões, eles se encaminharam ao Setor de Processamento de Autos, onde as multas são colocadas em um sistema, gerando inclusive uma cópia do auto de infração. Depois as multas vão ao Setor de Processamento de Dados e ao Departamento Estadual de Trânsito (Detran), que em média 30 dias notifica o condutor sobre aquela autuação. Caso não haja contestações, em 48 horas o motorista receberá, em casa, a penalidade, a multa propriamente dita. É o final do ciclo de uma manhã de trabalho que terminará no bolso dos motoristas.


Atentado à vida

O agente de trânsito Geraldo Marcelino sofreu um atentado no local de trabalho em 2006. Ao autuar um condutor que vinha no contrafluxo da Avenida Mário Negócio, o contraventor atirou nele. Era um policial militar, que estava à paisana no momento da ocorrência. "Fiz a abordagem ali próximo ao Bar do Botafogo, nas Quintas. Pedi o documento, ele disse que não dava, e que não iria retirar o capacete. Quando estava anotando a placa ele foi num local próximo, e voltou. Já sacou a arma atirando. O tiro bateu na minha perna esquerda", narrou.

A sorte de Geraldo foi que, com a ação, houve tumulto, o que chamou a atenção de uma viatura próxima. Os policiais vieram e o infrator, que também se identificou como policial militar, disse que entregava a arma ao sargento. Depois dessa ocorrência, o policial que atirou em Geraldo foi expulso da corporação. Ele já respondia em outros três processos disciplinares. "Fui internado, fiquei afastado 20 dias, mas voltei para as ruas. Hoje continuo meu trabalho normalmente, só que sei que ninguém gosta de ser fiscalizado. Dói no bolso, né?", questionou.

Outro caso extremo de violência com este tipo de profissional aconteceu com o agente de Parnamirim Kleidnes Varela,  43 anos. Ele foi morto em serviço em Nova Parnamirim, entre a avenida Abel Cabral e a Deodato José dos Reis, em 27 de maio do ano passado. O crime aconteceu por volta das 16h30. Kleidnes foi atingido por três tiros na cabeça e morreu no local. Três homens em um carro Celta chegaram ao local e, segundo testemunhas, ao se aproximar do agente teria dito: 'Nunca mais!'. Kleidnes era casado e tinha duas filhas. Nunca mais vai poder vê-las. 
Fonte: http://www.dnonline.com.br/app/noticia/cotidiano/2012/04/15/interna_cotidiano,95963/amarelinho-uma-profissao-de-risco.shtml